E o seu papel é decifrá-lo.
Quando você decide escrever
um blog e começa a ler sites de especialistas sobre “Como escrever um blog”,
uma das primeiras coisas que eles te dizem é para não escrever textos longos
porque o leitor de hoje não tem paciência nem tempo para ler mais do que -
estão preparados? - 5 parágrafos CURTOS. E também é
aconselhado que seus posts sejam cheios de imagens para manter a atenção do
público. E você tem que começar com uma frase de efeito, senão a pessoa perde o
interesse nos primeiros 2 segundos de leitura. Dois. Segundos.!
Bem, em primeiro lugar, meu
público só pode ser altamente SENSACIONAL, já que os textos do blog são super
longos e vocês continuam aqui, lendo e comentando. Desde o começo eu me recusei
a tratar vocês como pessoas que não dão conta de dedicar mais do que 2 segundos
a um texto um pouco mais denso e parece que eu estava certo. (Vocês são
demais!)
Em segundo lugar, hoje joguei
de vez o “Manual do Bom Blogueiro” pela janela, quebrei todas as regras e
publiquei o texto um pouco mais longo. Cheguei a pensar em dividi-lo em duas ou
três partes mas ele queria sair assim, inteirinho.
Fiquei quase um mês
redigindo esse texto porque eu queria que ele saísse leve (já que o assunto é
complexo) mas sem ser vazio. Ele é a introdução que faltava para vários outros
posts que estão na fila para sair. Mas eu precisava começar por este. Ficou lindo,
gente. Estou falando sobre o seu, o meu, o nosso corpo humano. Eu já disse
que ele é incrível, não disse? Este texto vai te mostrar ainda mais o por que.
Então faz um chazinho,
encontra uma posição confortável, e se joga!
Eu sempre acabo repetindo
isto: se tivessem me ensinado química, física, biologia, geografia e todas as
outras matérias da escola do jeito que eu (re)aprendi nos últimos 10 anos,
teria sido muito mais divertido estudar. Aliás, acho que eu, de fato, teria
aprendido muito mais do que consegui na época.
Eu penso que a maioria dos
assuntos que a gente aprende no colégio parecem áridos porque falta aquele
tchã-nan, aquele contexto, aquela informação que faria as nossas mentes de 13,
14, 15 anos fazerem uau e ficarem boquiabertas: está tudo ligado, conectado,
misturado, gente!!
Na aula de física, falar
sobre a lei da gravidade podia resultar em uma aula sobre os batimentos cardíacos
e o sistema circulatório, que foi um jeito que o corpo encontrou de fazer o
sangue subir pelas pernas, vencendo a gravidade, quando estamos em pé ou
sentados.
Na aula de biologia, para
entender uma das funções da glândula pineal, poderíamos entrar no estudo do
movimento de rotação da Terra, que resulta no dia e na noite. A pineal produz
melatonina, o hormônio do sono, quando está escuro e deixa de produzir quando
está claro. Se nós não vivêssemos em um planeta com dia e noite, talvez nem
tivéssemos uma pineal. Um só existe por causa do outro.
Na aula de geografia, ao
explicar o movimento de translação da Terra e as quatro estações, falaríamos
sobre o reflexo de cada estação na nossa psique: ficamos mais expansivos e
sociáveis no verão, mais recolhidos e precisamos de mais descanso no inverno.
Como as plantas e os animais.
Tenho certeza que todo mundo conseguiria entender essas interconexões. E algo me diz que teríamos outra relação com o planeta (e com o corpo) se fosse assim.
Seguindo essa linha de
raciocínio, estou aqui para contar a vocês uma das coisas mais sensacionais que
eu aprendi na minha vida: o nosso corpo é um mapa. Nada, nada, nada do que
acontece nele é por acaso.
Temos um tesouro nas mãos -
ou melhor, vivemos dentro de um mapa do tesouro - e uma das nossas funções é
desvendar nossos sintomas, desconfortos, dores, para entender o que está
acontecendo. Falei que é uma de nossas funções porque é isso mesmo, como
escovar os dentes, educar os filhos, jogar papel no lixo.
Mas ok, eu entendo que essa
talvez seja uma ideia nova pra muita gente. A gente não aprende que em fases de
muito medo, quando estamos diante de um desafio que nos assusta, seja o
nascimento do primeiro filho ou uma mudança de emprego, é normal sentirmos
dores pontuais nos joelhos, porque ele guarda os nosso medos. Também não
sabemos que as alergias são o correspondente físico de um emocional muito-muito
sensível, que acha que precisa se proteger do mundo. Isso não é místico, nem
"bonitinho e interessante, mas não serve pra mim". Isso é real, muito
real! É como o organismo funciona, o seu, o meu, o de todo mundo.
A relação que nós temos com
os nossos sintomas físicos é de puro distanciamento e desconexão. Eu acho isso
muito ruim, porque ficamos desempoderados. Você está lá, com mais uma crise de
enxaqueca, e se sente impotente, refém do seu corpo.
Diante de qualquer sinal de
desequilíbrio, desde uma dor física até uma crise de ansiedade, nosso movimento
é marcar uma consulta com um médico e esperar que ele saiba o que fazer para
apagar aquele sintoma.
Procurar ajuda é ótimo, mas
do jeito que lidamos com o nosso corpo hoje em dia, perdemos grandes, enormes
oportunidades de aprender para onde aquele sintoma quer nos levar. Eu te
garanto, se você seguir o mapa que ele te mostra, você vai encontrar um
tesouro. E a beleza desse processo é que com o tesouro, vem a cura.
O corpo não dói por acaso.
Mesmo que você tenha uma predisposição genética a desenvolver diabetes, ou
mesmo que esteja com tendinite no punho por causa do esforço repetitivo no
trabalho, essas questões só se desenvolveram porque o seu pâncreas e o seu
punho estavam fragilizados de alguma forma. E essa fragilidade vem do jeito que
você está levando a vida, vem dos seus medos, das suas raivas, das suas
frustrações e ansiedades.
E olha, não tem nada de
errado com os medos, as frustrações e todo o resto. Eles fazem parte da vida.
Não existe essa história de estar sempre bem, sempre feliz, sempre de boa. Só
se você for um robô. Aliás, nós estamos aqui para sentir tudo isso, porque é
nos momentos de conflito que nós crescemos, aprendemos, nos desenvolvemos. A
ideia não é fugir da dor, e sim entendê-la. A vida é dinâmica, nosso corpo é
dinâmico, nossa psique é dinâmica. As gastrites, as crises de ansiedades, as
insônias se desenvolvem não por causa dos problemas da vida, e sim por causa da
nossa desconexão. O corpo fala, a gente não ouve. Aí, gente, ele grita!
"E por onde eu começo?"
É a pergunta que eu imagino que você esteja se fazendo.
Tomar um remedinho para aliviar a dor de cabeça ou um laxante para soltar o intestino pode ser prático e útil, mas eu te proponho uma coisa: que tal se, além de tomar o remédio e fazer o desconforto sumir, você parar por uns 2 minutos e tentar entender de onde ele está vindo? Que tal se essa virar uma prática normal e corriqueira na sua vida?
Que tal mudar o paradigma, e
em vez de achar que você tem que calar o sintoma com um remédio, você começar a
pensar que tem que ouvir o que o sintoma quer te dizer?
Porque, sejamos sinceros,
mesmo quando eu ouço as pessoas me dizerem que vai dar muito trabalho, que não
sabem por onde começar, que isso é papo de psicólogo ou que "bem que eu
queria, mas não tenho tempo", a verdade é que se a gente não se mexer,
nada vai mudar.
Nossa sociedade está doente
porque nós estamos doentes. Ser sustentável não é só reciclar o lixo e
economizar água. Tem outra coisa que deveria estar na lista de melhores
práticas para preservação do meio ambiente: o autoconhecimento.
O amor que dedicamos ao
planeta é diretamente proporcional ao amor que dedicamos a nós mesmos. Aliás,
acho que quero refrasear: o amor que dedicamos à humanidade e ao planeta, é
diretamente proporcional ao amor que dedicamos a nós mesmos. O nosso dever,
como cidadãos, é pagar os impostos e cuidar de nós mesmos, sacou?
Então ó, além de reciclar o
seu lixo (que é uma coisa ótima e linda que você faz por todos nós), respira e
cuida de você por alguns minutos todos os dias. Vai dar trabalho, sim! Mas só
um pouquinho.
Tomar um remédio para a
gastrite em vez de procurar um terapeuta ou meditar parece ser mais fácil, mas
é só enganação da nossa psique querendo fugir, com medo do que vai encontrar se
abrir a caixa de pandora e enxergar tudo o que está lá. Deixa eu te dizer uma
coisa: a caixa de pandora é um baú de tesouros. E nada é tão difícil que você
não consiga resolver. ;)
Para quem não sabe por onde
começar, sugiro ir para a série "Olá, Muito prazer, eu sou o seu corpo".
Aquilo já é um começo. Também tem muitos livros e vídeos legais também por aí.
Mas não se prenda só ao que vem de fora. Comece a se perceber, nem que seja
durante 2 minutinhos por dia, e eu te garanto que você vai entender do que eu
estou falando!
Se algo deste texto tiver
mexido com você e quiser compartilhar, escreva aqui embaixo nos comentários. As
discussões são a melhor parte do aprendizado. Vejo vocês por ai!
2 Comentar
Que texto lindo e leve, essa levesa possibilita a compreensão de um assunto tão complexo, de forma simples.
BalasNo decorrer da leitura consegui perceber as inúmeras vezes que meu corpo gritou, e de maneira automática coloquei fones de ouvido. Ao finalizar o texto (com vontade de ler mais), início hoje a série "Ola, muito prazer, eu sou o se corpo!".
Nossa, Yasmin! Eu só queria dizer: seja muito bem vinda! Obrigado pelo comentário e fico muito feliz que você tenha gostado! Ficarei grato se você continuar voltando pra cá! Tem muito mais de onde veio esse.
Balas