O nervo isquiático é formado pelas raízes:

Nesta serie de post te convido a comentarmos juntos sobre as questões de fisioterapia: Sendo assim, vamos!

(A) L1, L2, L3, L4 e L5.
(B) L2, L3, L4, L5 e S1.
(C) L3, L4, L5, S1 e S2.
(D) L4, L5, S1, S2 e S3.
(E) L5, S1, S2, S3 e S4.

Essa é uma questão de conhecimentos específicos. Questão de anatomia. Questão nada fácil para quem não tem a anatomia deste segmento aprendida. 

Não consigo imaginar uma forma de chegar a esta resposta pela dedução, talvez não exista uma. Podemos até bolar formas diferentes pra recordar a formação deste nervo, como lembrar que são basicamente 5 raízes, lombar a partir da L4 e unindo até sacro S3, então temos 5. 4 e 3 para associar e lembrar da formação do nervo ciático. Mas a melhor forma é estudar os plexos lombar e sacrococcígeo. Saber essa inervação é fundamental para se relacionar a dor relatada pelo paciente à possível disfunção. Lombalgias e lombociatalgias são muitos comuns em clínicas e ambulatórios, talvez sejam as patologias mais frequentemente atendidas na fisioterapia.

Desta forma, mãos e nervos à obra!

PLEXO LOMBAR

Este plexo está situado na parte posterior do músculo psoas maior, anteriormente aos processos transversos das vértebras lombares. É formado pelos ramos ventrais dos três primeiros nervos lombares e pela maior parte do quarto nervo lombar (L1, L2, L3 e L4) e um ramo anastomótico de T12, dando um ramo ao plexo sacral.






Anastomose, do grego “abertura comunicante”, é uma rede de canais que se bifurcam e recombinam em vários pontos, tais como os vasos sanguíneos ou os veios de uma folha.

L1 recebe o ramo anastomótico de T12 e depois fornece três ramos que são o nervo ìlio-hipogástrico, o nervo ílio-inguinal e a raiz superior do nervo genitofemoral.

L2 se trifurca dando a raiz inferior do nervo genitofemoral, a raiz superior do nervo cutâneo lateral da coxa e a raiz superior do nervo femoral.

L3 concede a raiz inferior do nervo cutâneo lateral da coxa, a raiz média do nervo femoral e a raiz superior do nervo obturatório.

L4 fornece o ramo anastomótico a L5 e em seguida se bifurca dando a raiz inferior do nervo femoral e a raiz inferior do nervo obturatório.





PLEXO SACRAL

Os ramos ventrais dos nervos espinhais sacrais e coccígeos formam os plexos sacral e coccígeo. Os ramos ventrais dos quatro nervos sacrais superiores penetram na pelve através do forames sacrais anteriores, o quinto nervo sacral penetra entre o sacro e o cóccix e os coccígeos abaixo do cóccix.
O plexo sacral é formado pelo tronco lombossacral, ramos ventrais do primeiro ao terceiro nervos sacrais e parte do quarto, com o restante do último unindo-se ao plexo coccígeo.

O ramo anastomótico de L4 se une ao L5 constituindo o tronco lombossacral. Em seguida, o tronco lombossacral se une com S1 e depois sucessivamente ao S2, S3 e S4.

Esse complexo nervoso sai da pelve atravessando o forame isquiático maior. Logo após atravessar esse forame, o plexo sacral emite seus ramos colaterais e se resolve no ramo terminal, que é o nervo isquiático.

Para os músculos da região glútea vão os nervos glúteo superior (L4, L5 e S1) e glúteo inferior (L5, S1 e S2). Um ramo sensitivo importante é o nervo cutâneo posterior da coxa, formado por S1, S2 e S3.

Para o períneo, temos o nervo pudendo formado a partir de S2, S3 e S4.

O nervo isquiático é o mais calibroso e mais extenso nervo do corpo humano, pois suas fibras podem descer até os dedos dos pés. Esse nervo é constituído por duas porções, que são os nervos fibular comum (L4, L5, S1 e S2) e tibial, formado por L4, L5, S1, S2 e S3.
Do plexo sacral saem também os nervos para o músculo obturatório interno e músculo gêmeo superior (L5, S1 e S2); para o músculo piriforme (S1 e S2); para o músculo quadríceps da coxa e músculo gêmeo inferior (L4, L5 e S1); para os músculos levantador do ânus, coccígeo e esfíncter externo do ânus (S4); e o nervo esplâncnico pélvico (S2, S3 e S4).




Vejo vocês por ai! ;)

#BASTIDORES #3 - CONSTATANDO O SIM NO MUNDO DO NÃO

Como se sentir seguro para tomar decisões no meio de tanta informação.


Na semana passada, fui participar de um capacitação em Maceió e peguei um Uber para voltar para casa. Eram 9h da manhã e o trânsito estava intenso na Av. Almirante Álvaro Calheiros (mas a praia do lado de fora do carro estava linda de morrer!). O motorista e eu começamos a conversar sobre saúde e chegamos ao tema mais discutido a três anos atrás, a declaração da OMS sobre o consumo de bacon e carnes processadas.

Ele comentou como ficava confuso quando lia algo do tipo, já que "uma hora eles dizem que faz bem, depois dizem que faz mal. Como eu vou saber qual dos dois é certo? Em quem eu posso confiar?". Nós acabamos engatando uma conversa sobre essa insegurança dele (e de todos nós) e sobre como "é chato viver a vida com medo de tudo".

Antes de continuar, vamos deixar claro: é normal, muito normal, sentir medo. Aliás, o medo é saudável. Assim como todas as emoções, ele tem uma energia própria (é diferente sentir medo e sentir tristeza, certo?) e essa energia ajuda a preservar nossa vida.

A região do cérebro humano que ativa o alerta de medo faz parte do sistema límbico, e funciona como um scanner que compara cada informação nova com nossas experiências anteriores (e a de nossos antepassados) para decidir qual reação é a mais adequada para cada momento.

Como assim?

Você está andando na rua (ou na praia, vai, já que a história começa em Maceió) e vê um cachorro vindo em sua direção. O seu sentido da visão capta a imagem e manda para o sistema límbico no cérebro, que escaneia todas as memórias que você tem sobre suas interações com cachorros e outros animais, como a sua família reage na frente de um cachorro etc, e então envia uma mensagem de perigo ou segurança (ou algo entre esses dois) para o sistema nervoso.

Mas se você nunca viu um cachorro na sua frente, o cérebro ainda assim terá as outras referências (as histórias que você ouviu sobre cachorros, seu nível de estresse naquele dia, a confiança na sua capacidade de se proteger e cuidar de si mesmo) para saber se vai reagir com medo ou não àquele estímulo desconhecido.

A questão é que hoje em dia nosso sistema límbico está sobrecarregado de referências de medo. Na verdade, estamos sobrecarregados, ponto. São tantas, TANTAS informações disponíveis sobre todos os temas possíveis e imagináveis, que nosso processo de curadoria já não funciona tão bem. E como não temos o costume de parar pelo menos uma vez ao dia para respirar e esvaziar a cabeça, as informações continuam se acumulando.

Você tem medo de quê?

O diálogo com o motorista do Uber me fez lembrar de um depoimento que eu vi no documentário Troque a Faca pelo Garfo (Forks Over Knives). Uma das entrevistadas, uma mulher que reverteu sua diabetes e hipertensão sem o uso de medicamentos, apenas seguindo a orientação de um nutricionista de mudar sua alimentação para uma dieta vegana, relata que seu médico, ao ver os resultados promissores do exame de diabetes, comentou "Mas o que pretende esse nutricionista? Fazer você parar de tomar remédios?". Também lembrei de quando minha dermatologista me orientou a usar protetor solar até dentro das quatro paredes de meu apartamento.

Eu sinto que estamos vivendo uma paranóia coletiva, desconfiando do sol, do ar, da comida, dos "germes e bactérias". A sensação de insegurança do motorista é mais do que justificada. Cada dia recebemos uma informação nova sobre o mesmo tema (uma taça de vinho todas as noites faz bem ou mal, mesmo?) e o nosso sistema límbico está lá, trabalhando 24h por dia, 7 dias por semana, recolhendo e guardando tudo o que ouvimos, lemos, aprendemos. E no meio desse mar de dados, a mente começa a se questionar. Será que a pesquisa é comprada? Será que este meio de comunicação é idôneo? O que será que meu médico pensa sobre isso?

Chegar a essas respostas é simples. Você só precisa fazer o seguinte: respire fundo, deixe de pensar conscientemente nas informações que você já recebeu sobre o assunto (não se preocupe, elas já estão registradas no seu cérebro), pense no seu prato de bacon (ou no protetor solar, ou na nova proposta de emprego) e confie na resposta que vier. Confie! Você sabe melhor do que ninguém o que é bom ou ruim para você. Se você percebe que não tem mais tido vontade de tomar suco de laranja de manhã, confie! Pode ser que a acidez da laranja esteja afetando seu sistema digestório. Fica olhando as propagandas de estúdios de dança do ventre e sente uma vontade estranha de se matricular? Pode ser que o seu corpo esteja precisando daqueles movimentos para estimular suas glândulas endócrinas.

Nós passamos anos e anos recebendo educação formal para aprender a analisar dados racionais, mas não somos treinados na análise de dados sensoriais.

Ficamos desconectados dos sinais que recebemos o tempo todo do corpo e acabamos delegando aos outros (jornais, médicos, amigos) a responsabilidade de nos dizer o que é bom ou ruim para nós. Mas as informações que recebemos dessas fontes são só uma parte do todo, estão incompletas, cheias de falhas e interferências. É assim mesmo! O médico de alguns parágrafos acima estava tão convencido de que diabetes só se trata com remédio que não conseguiu nem perceber o movimento incrível de cura que o corpo humano da sua paciente estava realizando bem diante de seus olhos.

Então eu insisto: comece olhando para as referências de medo e cautela que você vem seguindo para saber se elas têm mesmo algum apoio na sua realidade. Ajude o seu sistema límbico a criar as suas referências. Ouça as opiniões das pessoas nas quais você confia, leia tudo o que achar necessário sobre qualquer assunto, e depois siga a sua própria voz. No final das contas, as nossas escolhas não devem ser feitas pensando no certo ou errado. Esses conceitos são relativos demais. O que é certo para um é errado para outro. As escolhas maduras e autônomas são apenas coerentes com a pessoa que você é. Portanto, confie!

Vejo vocês por ai! ;)

Fazer a mobilização vai fazer toda a diferença!



O post de hoje vai falar sobre o primeiro grande estudo com desfechos interessantes para a Mobilização Precoce.

Publicado na Lancet em 2009, o estudo dos autores William D Schweickert, John P Kress et al, é contemporâneo ao estudo publicado pelo Gosselink (O estudo do cicloergômetro passivo). A diferença é que este estudo se propôs a verificar se a terapia comum (Mobilização Passiva, Ativa-assistida, Ativa-resistida, Sentar e Caminhar) seria eficaz, já que o Dr. Gosselink havia obtido bons resultados com uma Máquina.

Foi realizado um Ensaio Clínico Aleatório  Bicêntrico, nos Hospitais University of Chicago Medical Center e University of Iowa Hospitals.

O objetivo do estudo foi avaliar resultados funcionais, e desfechos neuro-psiquiátricos em pacientes submetidos a Mobilização Precoce na UTI.

Os critérios de inclusão foram pacientes acima de 18 anos, Tempo de VM entre 24 e 72 h e índice de Barthel ≥ 70 obtidos a partir da função do paciente duas semanas antes da admissão. Sendo excluídos aqueles com rápido desenvolvimento de doença neuromuscular, PCR, aumento da pressão intracraniana e membros ausentes.

Foram estudados 104 pacientes (de acordo com cálculo de tamanho de amostra), 49 do Grupo Mobilização e 55 no Grupo Controle.

Foram avaliados:

1 - O número de pacientes que retornaram ao estado funcional independente de alta hospitalar.

2 - Estado funcional independente foi definido como a capacidade de executar seis AVD's (banho, vestir, comer, higiene, transferência da cama para a cadeira, usar o banheiro) e caminhar de forma independente (MIF)

3 - Número de dias de internação com delírium

4 - Número de dias fora da ventilação mecânica, durante os primeiros 28 dias de internação

5 - Tempo de permanência na UTI e no hospital.

Pontuação do Índice de Barthel, a distância percorrida sem ajuda; número de pacientes com diagnóstico de paralisia adquirida na UTI, e força muscular periférica (dinamometria) na UTI e na alta hospitalar.

O protocolo de Mobilização Precoce foi simples e factível:

1. Pacientes Arresponsivos - Mobilização Passiva dos 4 membros – 10 repetições nas direções cardinais todas as manhãs;

2. Responsivos: Ativos-Assistidos e Resistidos; se bem tolerados, progressão para mobilidade e sedestação no leito; Sedestação + AVD’s (com terapeuta ocupacional); Sentar-Levantar; Deambular.

Os resultados foram muito bons. O retorno à independência funcional foi maior no Grupo Mobilização (59 % vs 35% p=0,02), houve menor duração de Delirium (2 vs 4 dias p=0,02) e maior tempo livre de VM (23,5 vs 21,1 dias p=0,05). Mortalidade e Tempo de internação hospitalar não houve diferenças significantes.

O desfecho de Funcionalidade apresentou um ótimo resultado (Figura 1 mostra a Probabilidade de retorno a Independência e Figura 2 Os resultados na  melhora das AVD's).

O ponto negativo para o estudo é que a Funcionalidade foi medida através de um instrumento não UTI-específico, já que Barthel não possui propriedades clinimétricas adequadas para avaliar este desfecho nesse perfil de paciente.

Este estudo foi um dos com melhor delineamento e com desfechos mais interessantes, utilizando a Mobilização mais comum, sem tecnologias, mostrando o quanto a essência da Fisioterapia - O Movimento - é poderosa.


Vejo vocês por ai! ;)



Referências

1. Schweickert WD, Pohlman MC, Pohlman AS, Nigos C, Pawlik AJ, Esbrook CL, Spears L, Miller M, Franczyk M, Deprizio D, Schmidt GA, Bowman A, Barr R, McCallister KE, Hall JB, Kress JP. Early physical and occupational therapy in mechanically ventilated, critically ill patients: a randomised controlled trial. Lancet. 2009;373:1874–82.




MUITO PRAZER, EU SOU O INTESTINO GROSSO


Imagem criada para esta série pelo @temamornopapel

Chegou a hora do INTESTINO GROSSO, que finaliza o trabalho do estômago e do intestino delgado na digestão dos alimentos, das emoções, da vida.

O intestino grosso possui aproximadamente 1,70 m e 6 cm de diâmetro. Tento deixar essa informação um pouco mais concreta, para poder imaginar melhor, e me dou conta de que essa é quase a minha altura! A nossa anatomia é tão minuciosamente construída, que cabe um tubo de 1,70 m logo depois de outro de 6 m dentro desse espaço tão pequeno que é o nosso abdômen. Acho sensacional!

Bem, você já sabe o que vem agora, né?

Vai se concentrando, traz a atenção para o seu corpo, e coloca a sua mão no seu abdômen.

O intestino grosso começa na parte inferior direita, pouco acima de onde a coxa se junta com o tronco. Desce a sua mão um pouco, até essa região. Seu intestino grosso vai subindo verticalmente pelo lado direito do abdômen, mais ou menos até a altura da cintura. Ali ele se dobra, cruza todo o abdômen horizontalmente, e desce pelo lado esquerdo. Se quiser, vai acompanhando com a sua mão.

Ele desce até a altura da pelve, onde dobra de novo para a direita, e vai indo pela parte inferior do abdômen até chegar no centro, mais ou menos na altura da bexiga. Ali ele vira de novo, mas desta vez para baixo, onde se liga ao reto até chegar no canal anal, que termina no ânus.

Olha ele aí do lado.

O intestino grosso sabe fazer uma coisa tão, mas tão importante para o nosso crescimento pessoal! Ele nos ajuda a desapegar do passado e a jogar fora os resíduos de cada dia, para começarmos os novos ciclos com a mente limpa e aberta.

O intestino grosso elimina pensamentos e emoções residuais, aqueles que sobram depois que a gente dá voltas e voltas ao redor de algum assunto. Durante a digestão, o intestinodelgado adiciona um pouco de água no material alimentar para facilitar a absorção de nutrientes. Quando esses resíduos chegam no intestino grosso, ele reabsorve essa água e libera os resíduos em forma de fezes. Isso equivale ao movimento emocional de jogar fora o que sobrou das nossas experiências, todas as emoções e os pensamentos que já foram observados, ruminados, elaborados, e não servem mais.

Da mesma forma, e por causa dessa função de eliminação, o intestino grosso nos ajuda a trabalhar o controle e o desapego. A necessidade de controle é o maior empecilho ao nosso crescimento. É ousado chamar algo de "O" problema, no singular, eu sei! Mas venho pensando nisso há anos, e continuo chegando a essa mesma conclusão.

Em termos fisiológicos, convenhamos, o trabalho geral do intestino grosso é meio entediante e repetitivo. Os resíduos da digestão chegam, viram fezes, e saem. Entra, sai. Entra, sai. Mas pensa aí, e me diz se você consegue se desapegar, tão facilmente como ele, das emoções e pensamentos que aparecem no seu sistema a cada hora, minuto, segundo.

Quando a consciência deste órgão está bem equilibrada, não só o intestino em si funciona direito, como também nós conseguimos deixar passar o que não nos serve mais e podemos desapegar das mágoas, arrependimentos, frustrações, expectativas, memórias e emoções que estão presos. Isso significa respeitar o fluxo da vida.

Das cinco emoções básicas, o pesar é a emoção do intestino grosso. Pesar é aquilo que sentimos quando algo termina. É uma emoção saudável e natural, aquele peso no peito, a dor da perda. Essa emoção é super importante porque é necessário viver o luto do fim de um ciclo para podermos começar outro ciclo renovados e abertos, sem levar as coisas antigas conosco. O intestino grosso usa o pesar para se desapegar das fezes (no físico) e para nos ajudar a seguir adiante (no emocional).

No entanto, um pesar persistente vira patológico, controlador. A pessoa vai vivendo a vida e guardando o passado dentro do corpo. Essa dificuldade de se desapegar pode causar constipação. E quando esse desejo de controle fica muito forte, ficamos compulsivos, acumuladores, apegados. Portanto, a forma saudável de o intestino grosso expressar a emoção de pesar é em forma de desprendimento, liberando as substâncias residuais da digestão (tanto física quanto emocional), que incluem alimentos, emoções, crenças, máscaras, energias negativas.

Estamos fazendo este tour pelos órgãos seguindo uma lógica que eu peguei emprestada da medicina chinesa, que tem uma visão incrível da psicologia dos órgãos e de todas as partes do corpo. Dentro dessa lógica, o próximo post da série vai falar sobre os pulmões, que trabalham em parceria com o intestino grosso ao lidar também com o controle, o desapego e o pesar, mas de um outro ponto de vista.

Nos vemos no próximo post! Vejo vocês por ai! ;)




Referências bibliográficas
ELSON, Kapit & ELSON, Lawrence. The Anatomy Coloring Book. Ed. Pearson, 2014
MARIN, Giles. Os cinco elementos e as seis condições. Ed. Cultrix, 2010.
VELTHEIM, John. Medicina Oriental: Anatomia e Fisiologia do Corpo Energético. PaRama LLC, 2013
VELTHEIM, John. Princípios da Consciência. PaRama LLC, 2013

BASTIDORES #2 - piloto automático



você já se questionou por que você trabalha com o que trabalha? valoriza o que valoriza? pensa o que pensa?

existem vários níveis de questionamento. você provavelmente já se fez essas perguntas. mas quão profundamente você pensou sobre a resposta?

provavelmente não muito.

a maioria das pessoas responde nesse formato mais automático a qualquer tipo de estímulo.

aí quando você percebe, tá vivendo a vida que seus pais e amigos queriam pra você. não algo que foi intencionalmente pensado, investigado e criado por você.

nosso ambiente é a nossa principal fonte de informação. é como interagimos com o mundo, aprendemos e criamos.

se não moldarmos o ambiente, ele nos molda - tanto pro bem quanto pro mal.

não é simples estar consciente disso e sair do automático sempre que ele não estiver te favorecendo.

então como fazer isso da melhor forma?

o primeiro passo é se mantendo vigiliante aos seus pensamentos e emoções…

eles são mais positivos ou negativos? de onde eles estão vindo?

se você se sente estressado o tempo todo... será que é porque você tá trabalhando muito ou porque você tá gastando mais tempo e energia se contando uma história sobre o tanto de trabalho que você tem que fazer?

ou você pode estar tentando abraçar o mundo sem nem ter aprendido a verdadeira ciência da priorização...

existem mil possibilidades.

mil caminhos que você pode seguir. e mil histórias que pode se contar pra se justificar.

qual você escolhe?

ao estar vigilante você identifica o real problema e ataca ele antes de tudo.

ao investigar o que tá causando aquilo, você percebe que muitas vezes o problema real é mais profundo e que ele tem causado consequências negativas em vários pilares da sua vida.

aí você percebe que a solução de um problema que parecia externo é, na verdade, a busca por um autoconhecimento mais profundo.

e tudo começa no questionamento e na vigilância. o desafio é fazer esses dois se tornarem hábitos.

toda vez que você tiver uma dificuldade, você vai reclamar, se contar uma história, se sentir mal ou questionar qual o real problema? questionar o que você pode aprender com ele?

lembra que isso é um treinamento.

então se prepara todo dia pra vencer essa batalha interna e aprender mais sobre si mesmo.

Vejo vocês por ai! ;)

Functional Ambulation Categories - Classificando a Funcionalidade do meu paciente


Um dos grandes objetivos do Fisioterapeuta, é promover o restabelecimento ou manutenção da mobilidade funcional, bem como prevenir a sua deterioração.

Quando falamos de mobilidade funcional, temos alguns fatores importantes com Transferências, Equilíbrio estático e dinâmico, Capacidade de sentar-levantar e Capacidade de deambulação. Cada fator citado possui uma ferramenta de avaliação, para classificar, estratificar e servir de marcador de melhora e resposta do tratamento.

Na Capacidade de deambulação, o primeiro instrumento que vem à cabeça, são os Testes de Caminhada, porém existe uma classificação que leva em consideração o nível de assistência e não somente o desempenho, como os Testes de Caminhada.

Mas aí vem uma questão: Qual o conceito de Deambulação?

Deambulação pode ser definida como a capacidade de andar pelo menos 3 metros com supervisão ou assistência física (mecânica ou de uma pessoa).

Para classificação da Deambulação, podemos utilizar a Functional Ambulation Categories, que leva em consideração o nível de assistência e supervisão, bem como leva em consideração o terreno onde é realizada a atividade.





Para a utilização da Functional Ambulation Categories é necessário colocar algumas definições:

1- Superfície nivelada - chão com azulejo, tapete, pavimentado etc;

2- Superfície não-nivelada - chão com areia, grama, lama, paralelepípedo;

3- Escadas - pelo menos 7 degraus com corrimão;

4- Plano inclinado - pelo menos 30% de angulação;

5- Supervisão - necessidade de contato manual ou pessoa próxima para segurança. Inclui o auxílio de julgamento sobre a capacidade de realização da atividade ou dicas de como realizar a tarefa;

6- Assistência Nível I - contato manual contínuo de uma pessoa para ajuste de equilíbrio ou coordenação;

7- Assistência Nível II - contato manual para manutenção da postura em pé ou manutenção do equilíbrio. 

A classificação da Functional Ambulation Categories (FAC) vai de 1 a 6, onde 1 é Incapacidade de deambulação e 6 a Deambulação independente:

FAC 1- Não-funcional: incapaz de deambular / marcha somente em barras paralelas

FAC 2- Dependente: assistência nível II

FAC 3- Dependente: assistência nível I

FAC 4- Dependente: supervisão

FAC 5- Independente: superfície nivelada / supervisão para escadas e plano inclinado

FAC 6- Independente: superfície nivelada e não-nivelada / escadas e plano inclinado sem supervisão




Acredito que seja uma ferramenta muito interessante, apesar de não ser validada para todos os perfis de pacientes hospitalizados, e vai auxiliar muito como indicador de nível de assistência e prescrição/liberação de deambulação com acompanhantes, indicador de qualidade assistencial (acompanhamento pré-pós), bem como para auxiliar no dimensionamento e planejamento das escalas dos Fisioterapeutas. Temos que lembrar que a FAC não leva em consideração a distância percorrida nem a velocidade da marcha, que são fatores primordiais no planejamento terapêutico e prescrição de exercício.






Referência:


1- Holden, M. K., Gill K.M., et al. Clinical gait assessment in the neurologically impaired. Reliability and meaningfulness. Phys Ther. 1984 64(1): 35-40.

OLÁ, EU SOU O INTESTINO DELGADO, MUITO PRAZER!



Imagem criada para esta série pelo @temamornopapel


Preparados para mais um órgão? O INTESTINO DELGADO, na medicina chinesa, é par do coração. Mas vocês vão perceber que ele completa o trabalho do estômago, com o qual se comunica anatomicamente. Então vamos lá!

Respira fundo e vai trazendo a sua atenção para o texto e o seu corpo. Coloca qualquer uma das suas mãos levemente abaixo do seu umbigo. Abre os dedos, espalhando bem a mão sobre essa a região. Deixa a mão aí um pouquinho. Pode ser que você sinta algum movimento, algumas borbulhas, uma leve pressão. Seu intestino delgado está bem aí.

Imagina uma minhoca que começa no estômago e vai até o intestino grosso, toda vascularizada e altamente absorvente, com 4 a 6 metros de comprimento e a largura do seu dedo médio, enrolada magistralmente logo abaixo da sua mão. Seu intestino está aí, provavelmente digerindo silenciosamente a sua última refeição enquanto você lê este texto.

Lembra que eu falei que o estômago movimenta nossos pensamento conscientes? Pois é, o intestino delgado é quem recebe esses pensamentos e decide o quê fica e o quê vai embora. Ele tem a habilidade de diferenciar questões relevantes com clareza antes de tomar decisões.

O intestino delgado é a casa do nosso intelecto. Funciona mais ou menos assim: o quimo (mistura de alimentos semidigeridos) vem do estômago e entra no intestino delgado para ser digerido. Isso representa a chegada de nossos pensamento conscientes, que já foram ruminados lá no estômago e chegam aqui no intestino bem unificados para virarem planos e ideias mais concretas.

É o processo que a gente atribui ao cérebro, mas a energia parte daqui. Lembra que no texto sobre o coração nós falamos sobre um conjunto de neurônios dentro do coração

Então, hoje sabemos que o intestino também tem um sistema nervoso próprio. Mas é importante notar: o intelecto do intestino delgado deve estar a serviço da sabedoria do coração, sempre! Ele deve separar para si as ideias, planos e ações que levam ao crescimento pessoal e coletivo e alimentam sabedoria do coração. O resto pode ir embora.

Junto com esse processo, o intestino delgado é responsável pela nossa nutrição. Quando chega neste órgão, o alimento (ou o pensamento) já foi quebrado em partes menores, misturado e preparado pelo estômago. Aqui no intestino é que realmente acontece a absorção dos nutrientes. Uma vez que os nutrientes são absorvidos pelas vilosidades, os vasos sanguíneos os transportam para o fígado e para a corrente sanguínea, a fim de alcançar todas as células do nosso corpo.

É o intestino delgado, portanto, que nos traz o discernimento de perceber o que serve e o que não serve para nós. Ele assimila e absorve os nutrientes apropriados e passa adiante o que não nos serve, para que o intestino grosso possa eliminar. Você consegue perceber o significado disto na sua vida? Estamos falando de discernir entre as escolhas certas e as erradas, aquelas que nos nutrem em oposição àquelas que nos intoxicam.

É essa energia que a mente usa para discernir o que é útil entre as coisas que vemos, lemos ouvimos, conhecemos. Quando a energia do intestino delgado está adequada, conseguimos absorver as ideias, situações, pessoas que nos nutrem e deixar de lado as que não servem. Por outro lado, quando essa energia está desequilibrada, absorvemos informações (e nutrientes) de menos e ficamos subnutridos, ou absorvemos informações (e substâncias) demais e ficamos intoxicados.

A microbiota intestinal

Antes de terminar este texto, quero falar um pouquinho sobre o microbioma (ou microbiota) intestinal. Não sei se você já sabe disso: nós carregamos no corpo mais células bacterianas do que células humanas. Deixa eu te dar uma imagem melhor... cerca de 90% das células do nosso corpo não são células humanas, e sim... bichinhos!! Mas calma, isso é legal, é ótimo!

Nosso corpo é um espaço que hospeda muitas colônias de micro-organismos diferentes vivendo (ou tentando viver) em harmonia não só entre eles, mas com o espaço que os hospeda. Isso não te lembra outro lugar...? O planeta Terra, por exemplo? Não é incrível como no universo tudo o que vemos no nível maior também está reproduzido em níveis menores? Neste caso, a Terra é o macro, nós somos o micro. Somos um planeta inteiro para esses micro-organismos que nos ajudam e dependem de nós.

Essa microbiota é extremamente importante. São esses bichinhos que mantêm o nosso sistema imunológico forte e capaz de nos defender contra infecções. Eles também desempenham papel importante na absorção de vários nutrientes, na síntese de algumas vitaminas pelo corpo e na realização de várias funções metabólicas.

Existem micro-organismos vivendo em outras partes do nosso corpo também, mas é aqui no intestino delgado que eles estão em maior quantidade. Por isso, para falar sobre a saúde do intestino delgado, precisamos falar da saúde da nossa microbiota. E para mantê-la saudável, é muito, muito importante mesmo que estejamos atentos a tudo o que colocamos para dentro do nosso corpo, de comida a remédios, de agrotóxicos a conservantes, de emoções tóxicas a autodepreciação.

Depois de 7 textos falando sobre nosso corpo, já deu para perceber que você é um organismo incrível, equipado com a mais alta tecnologia e capaz de se autorregular buscando o equilíbrio a todo momento, né? Nosso corpo é nosso aliado. Ele quer muito, MUITO, ficar bem. Sempre! Mesmo uma doença ou mal estar são o máximo de equilíbrio que o nosso organismo consegue manter nas condições internas e externas nas quais ele vive.

Por isso eu sempre digo que se fizermos a nossa parte cuidando conscientemente da nossa saúde física, mental e emocional, o corpo vai agradecer e fazer a parte dele. É como se ele dissesse "Ufa, valeu por fazer a sua parte! Agora eu posso voltar a cuidar da minha".

Então tá, meus amigos! No próximo texto falaremos sobre o intestino grosso, um órgão que pode ser um tanto quanto controlador.


Até lá! ;) Vejo vocês por ai!












Referências bibliográficas

ELSON, Kapit & ELSON, Lawrence. The Anatomy Coloring Book. Ed. Pearson, 2014
MARIN, Giles. Os cinco elementos e as seis condições. Ed. Cultrix, 2010.
VELTHEIM, John. Medicina Oriental: Anatomia e Fisiologia do Corpo Energético. PaRama LLC, 2013
http://www.todabiologia.com/anatomia/intestino_delgado.htm http://www.livescience.com/52048-small-intestine.html
http://drauziovarella.com.br/letras/s/sindrome-do-intestino-irritavel/
http://drauziovarella.com.br/corpo-humano/duodeno/
http://drauziovarella.com.br/virus-e-bacterias/o-mundo-das-bacterias/
http://www.infoescola.com/anatomia-humana/intestino-delgado/